Vai cair o pano

O cenário vai manter-se, pelo menos vão continuar no mesmo sítio as cadeiras, as mesas, os armários, os montes de papel e o soalho que se queixa ao ser pisado pelas pessoas que por ali passam. Vai continuar a ser necessário subir os lanços de escadas que levam ao 3º andar e depois, logo à esquerda, à sala 303. A porta vai continuar fechada mas a luz vai escapar pela vidraça em cima.

O foco de luz vai deslocar-se para o novo protagonista, com uma nova equipa para os ensaios diários. O primeiro elenco fica agora como figurante da história que representou, e tão bem, durante anos.
Nesta passagem de acto a Estagiária muda de cenário, com novo elenco, para ser figurante mas ainda assim para ter lugar em cena.

Com este ultimo espectáculo sinto que cresci uns centímetros... poucos mas esforçados e cada um carrega uma "deixa" dita por graça, vitória, ou admiração. Não vou esquecer que já fui a "chefinha" de alguém, a estagiária de alguém e a colega de alguém.
Vou lembrar a última cena onde, com coragem, foi interpretada a batalha "Horários vs Aplicação", pelos personagens que numa dupla imbatível, deram a volta porque sim e porque afinal era tudo "peanuts".

O espectáculo está a chegar ao fim!

As luzes sentem-se mais fracas, os personagens ofegantes retomam o seu papel para os agradecimentos, ao som dos aplausos que se começam a ouvir lá bem ao fundo...


Segue-se a vénia com orgulho de papel cumprido, um erguer de olhos e ...



cai o pano...


Obrigada!

“Tudo na mesma como a lesma”

Os minutos estavam a ser observados bem de perto, na esperança de que passassem sem serem sentidos, de forma desesperada e atenta, resultado da ausência de ocupação. Apesar do tempo ter a mesma dimensão para todos os que estão, inevitavelmente, expostos a ele, para ela parecia não haver movimentação dos dígitos observados pelo canto inferior direito do monitor do seu computador.
Um sentimento de inutilidade apoderava-se do seu estado de espirito cada vez mais fragilizado ao aperceber-se da sua real situação.
Para além do início da semana ser complicada para toda a classe trabalhadora, este dia, ou melhor esta manhã, mostrou não ter fim. Estava a aproximar-se a hora de almoço e mesmo não estando com um daqueles apetites normais para o avançar da hora, o seu desejo era para que batesse rapidamente as 13 horas.
Parecia cada vez mais complicado o seu corpo e mente se habituarem ao ritmo de trabalho que lhe esperava todos os dias por volta das 9:30 e, com fim previsto para as 18 horas.
Sentia dia a dia que o seu cérebro estava a encolher, quando pensava nisso podia até sentir, ao de leve, a impressão dentro da cabeça. Completamente inquieta investiu várias tentativas num livro guardado na gaveta do seu, temporário, gabinete.
Excepcionalmente hoje, e para agravar ainda mais a sua situação de desespero, a ligação à rede estava com problemas o que lhe impossibilitava aceder ao mundo virtual, normalmente acessível ao alcance de um clique.
O telefone toca com pouca frequência e as questões do outro lado da linha são agora fáceis de responder, resultado da permanência naquele local há pouco mais de 5 meses.
Toda aquela situação fazia-la sentir-se inútil, ou melhor e para não ser demasiado pessimista, pouco útil.
Ali estava ela de olhos postos no seu monitor, do qual sabia já onde encontrar dedadas, resistentes ás investidas das senhoras da limpezas que por lá passavam todos os dias.
De forma diagonal passou os olhos pela sala que lhe fizera companhia nos momentos de solidão, cansada de ver exactamente o mesmo dos outros dias. Os montes de papel estavam ainda no mesmo local, as cadeiras regressaram após uns dias num Spa para fazer limpeza de pele e o soalho parecia queixar-se, como sempre, de cada vez que me levanto para aumentar o som ou desligar e ligar o Ar condicionado.
Resumindo, em suma, em género de conclusão, “tudo na mesma como a lesma”.

Justificação de faltas é com a dt...

Durante estas ultimas semanas mostrei-me um pouco ausente pela simples razão de estarmos no mês de Agosto.
Através de muito esforço foi-me permitido ausentar-me do meu local de trabalho por uns dias mas já estou de volta na esperança de que a minha sorte mude.
Apesar do tempo não ter ajudado insisti em ir à praia e ainda me precipitei numa viagem de barco, do porto de Peniche à Ilha das Berlengas , com a chuva como cenário de fundo.

Devo confessar que tive sorte em poder tirar estes dias, há outros colegas de luta com pior sorte.
De volta deparo-me com um edifício cada vez mais vazio de gente e pior...uma lista de contactos carente de pessoas online.

Mas mesmo assim hoje ganhei o dia depois de ver um vídeo fabuloso sobre a geração "Ai Fai", eu traduzo, Hi5. Não vou levantar muito o pano vou só dizer que é genial.

Fica aqui a proposta para o final deste post da estagiária, apresento-vos a "Pita Marília".
Divirtam-se

http://br.youtube.com/watch?v=Mej2XEgM12I

Técnicas de ocupação

Para se chegar ao local que vou descrever de seguida é necessário subir até ao terceiro andar de um edifício velho mas que ainda respira, de escadas ou de elevador. Normalmente subo de escadas e conforme vou subindo, vou contando mentalmente, um a um os degraus que progressivamente me levam ao meu destino.Chegando ao destino começam as tarefas rotineiras adquiridas durante os quase 4 meses de permanência. Abro a porta, acendo a luz, ligo o AC, ligo o meu PC, o do Director (para ouvir música), consulto os mails e a partir daqui começa a ciência ocupacional que não é leccionada nas Universidades.

Para além da minha companhia diária e solitária, a Rádio, sirvo-me também do Msn para chatear quem trabalha para valer, mas isso estou eu cansada de dizer que faço o dia inteiro.

Agora, aperfeiçoar as técnicas de pesquisa online pode ser uma boa terapia, pesquisar tudo o que nos vêm à cabeça até descobrir SPA's com promoções em estética. Para além das pesquisas há também os jogos online, que ajudam a passar um bocado distraída até te aperceberes que estás a perder de propósito e ai paras. Mais, mais...tentar organizar o que já está organizado, ler um livro que te cansa logo após a primeira linha, olhar para o relógio vezes sem conta e aperceberes-te de que ainda tens 3 horas de trabalho, ou o que quer que seja, pela frente. Ufa...fazer estas coisas todas cansa, principalmente a cabeça que ás vezes já não consegue pensar de tão preguiçosa que está.

Aceitam-se sugestões. Começa a faltar-me originalidade para me manter ocupada!!!

Mão de obra barata precisa-se

Se não tens experiência, estás desocupado desde que terminaste o teu curso superior e desesperado por algo para fazer, então este cargo é para ti.

Oferecemos:
Trabalho a dar c'um pau
Horário rígido de entrada, e flexível de saída (nunca mais cedo do que o normal)
Salário compatível com a função desempenhada (400 euros sem ajudas de transporte nem alimentação, e pago segundo apresentação de recibo verde)
Impossibilidade de integrar os quadros da empresa (só te queremos cá um mês e depois vais à tua vidinha)

Nota: Não se aceitam candidaturas que não respondam a estes requisitos

Para além de se ver anúncios deste tipo, em praticamente todos as plataformas de divulgação de Informação, ainda há pessoas que respondem a estes anúncios e nem assim obtém resposta ou são chamados para uma entrevista presencial.
O engraçado, e motor desta história, é uma companheira de luta que recebeu uma proposta para um trabalho sob as condições do anuncio que criei.
Ela claro, não aceitou.

E tu, aceitavas?

Terá de ser assim?

Estaremos nós de olhos vendados pela desesperada vontade de tentar concretizar um sonho do qual só nos recordamos de partes meio desfocadas?
A minha inexperiência não me permite responder a esta questão, que se mostra de uma complexidade tal, e que sinto ultrapassar-me completamente.
Deixamo-nos levar por um enredo de emoções que nos impedem de seguir em frente com segurança, que não permitem um simples deslize sem que um outro nos chame a atenção.
Neste mundo já não há pozinhos de Prlim, pim, pim nem Irmandade que nos salvem...resta ouvir o som dos pensamentos correrem de um lado para outro na nossa cabeça e, ver ao espelho uns olhos vazios de esperança. Chegar á conclusão que acreditamos numa mentira e que todos vem o caminho menos nós. Tentar desviar o trajecto mas ir dar sempre ao mesmo cruzamento vazio de direcções. Perder constantemente batalhas sem que ninguém veja com quem nem porquê. Desejar ser o que não se é!

Agora o meu único desejo, a minha única vontade é continuar a esconder-me no vazio de uns olhos sempre brilhantes, de pensamentos que não param, de ideias que não saiem do papel, de histórias que não acontecem.

Não vá o diabo tece-las

As 6as feiras 13 são normalmente encaradas como dias de azar. Os avisos são para não se passar por baixo de escadas , fazer figas aos gatos pretos, andar com atenção à estrada, não vá o diabo tece-las...

A estagiária leva muito a sério estas questões e por isso, zelando pelo bem estar da numerosa comunidade de estagiários, recomenda alerta máximo.
A Federação Nacional dos Estagiários Mal Pagos e Explorados (FNEMPE) decretou alerta vermelho para este e dia recomenda o uso de uma peça de roupa (de preferência interior) do avesso para evitar o mau olhado...
Este é um dia onde o sobrenatural é valorizado e olhado com grande respeito.
Apesar de levar a sério estas questões, confesso que não tomei nenhum cuidado especial mas já vi, pela manhã, pessoas a entornar café para cima da roupa acabada de vestir, tropeções nos passeios e entaladões nas portas do metro. Pode ser coincidência, ou não...

O melhor mesmo é jogar pelo seguro!